Restos de Naufrágios e Outros Sonhos
Exposição de escultura e pintura de Zé Pirata patente até 6 de agosto.
Corsário de designação e vocação, José de seu nome, Pirata de reputação, este artista autodidata nasceu para moldar, reinventar e marcar o mundo ao seu redor.
A sua visão permite-lhe ver nascer a obra onde outros apenas contemplam destroços.
Os despojos de alma e do ser são presenças assíduas nas exposições do que Zé Pirata recria a partir do nada aparente.
Nesta sua mais recente intervenção, faz renascer destroços de naufrágios, com pendor pessoal, aos quais confere nova existência vital e artística sob a sua manipulação intencional.
A Mãe Natureza põe e Zé Pirata dispõe a seu bel-prazer. Nada se perde, tudo ressurge transformado sob o seu atento e obsessivo olhar e mão. É a mais profunda e profícua catarse de lutos vários
«São os sonhos que me levam a criar»
diz José Ferreira Marques.
Ganha o mundo, fora de horas e longe de todos, esculpindo sonhos e objetos de encanto
a partir de desperdícios como ferro-velho, borrachas e plásticos, em princípio destinados à sucata.
Seja pela liberdade, profundidade, beleza em bruto, seja pelos meandros de leituras anímicas que lhes possamos atribuir, indiferentes jamais podemos ficar aos processos e resultados da transformação de destroços em vida renovada.
Sempre houve e haverá naufrágios, mas feliz será quem deles fizer tábua de salvação.
Zé Pirata, pela sua arte e talento único, compele-nos a todos a ter esse olhar transformador.
«É-me difícil estar sem fazer nada», afirma. Daí que esteja, como garante, «sempre com as mãos e a mente ocupadas». À margem do seu trabalho profissional, dedica-se às artes, expressando-se também pela pintura.
Sobre o artista
José Ferreira Marques, conhecido no meio artístico por Zé Pirata, nasceu em Coimbra, em dezembro de 1972. É funcionário das Águas de Coimbra e, nas horas vagas, um artista e escultor de sonhos.
É um artista que transfere para a tela, ou para as obras que faz, a inquietude e rebeldia que lhe vai na alma. Apesar de atualmente se dedicar quase exclusivamente à escultura, moldando o ferro e trabalhando a madeira, tem já um longo percurso na área da pintura, que lhe valeu alguns prémios, e a passagem por galerias nacionais e internacionais, desde Coimbra até Galiza. É uma pessoa simples, introspetiva, mas de uma criatividade fora do comum. Transforma os materiais inspirando-se na Natureza, nas formas orgânicas e nos seus sonhos.




